segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Conhecendo os Solos e a sua Influência nos Vinhos

Hoje nos vamos falar sobre o poder que o solo tem na formação e na qualidade das vinhas (e consequentemente dos vinhos)

Imaginem um solo pobre, em que a primeira camada é de pedra, a segunda camada de areia e a terceira de argila, isso parece bem ruim né? Mas não é, pois as pedras são ideais para garantir um reforço térmico, a areia serve para drenar a água e a argila para conservar a umidade do subsolo, forçando as raízes a irem mais fundo atrás de nutrientes.

Entretanto, sozinho o solo não é garantia de que o vinho será de alta qualidade, isso porque há outros fatores necessários para um bom resultado, como o clima e a mão do homem. Esses 3 conceitos juntos formam uma espécie de triângulo que ajudam a explicar o mágico conceito do terroir.

Dada esta introdução, o objetivo do post de hoje é mostrar os mais diferentes solos do mundo e quais as principais características dos vinhos.

1) COONAWARRA, AUSTRÁLIA: A festejada Terra Rossa,de Coonawarra, na Austrália, é basicamente uma combinação única de eventos. A área - que já foi um litoral - tem solo calcário sobre a parte superior de uma base de arenito. O calcário secou ao longo de milênios e a desintegração do solo quando começou a erodir provocou depósitos de ferro em seu interior, gerando oxidação e criando tonalidades de laranja e vermelho na terra, rica em nutrientes e minerais, com boa drenagem.
Perfeito para Cabernet Sauvignon, embora o emblemático Shiraz também tenha sucesso

2) CHÂTEAUNEUF-DU-PAPE, FRANÇA: Imagine o fundo de um aquário, com aquelas rochas arredondadas e lisas. Pois esse é o cenário mais comumente encontrado nas vinhas em Châteauneuf-du-Pape. Essas pedrinhas ovais chegaram ao Vale do Rhône após enchentes seculares ocorridas na última Idade do Gelo. E se encarregaram de reter o calor do sol para depois, durante a noite, transferir a energia às vinhas.
O resultado são vinhos ricos, encorpados, quase picantes. E com generosa quantidade de álcool.

3) BORGONHA, CHAMPAGNE E VALE DO LOIRE, FRANÇA: Uma bacia pedra calcária de marga se alonga por essas três regiões francesas: o solo kimmeridgian. É certo que cada pedaço de terra tem a sua particularidade, o que ajuda a tornar vinhos vizinhos tão diferentes. Mas a base toda está lá. Um solo argilo-calcário, repleto de quartzo, zircão e nutrientes gerados de fósseis de moluscos de eras passadas.
E é na raiz desse solo que mora muito da explicação da qualidade, da fineza e da singularidade de cada um dos bons vinhos da região.




4) DOURO, PORTUGAL: O vinho que nasce do Douro é um sobrevivente. A região é rica em granito, mas o maciço de xisto dividido em camadas verticais por baixo da superfície permite que a umidade se infiltre no solo , e ainda oferece espaço para que as raízes se infiltrem mais profundamente em busca de nutrientes .
O resultado é um vinho robusto, encorpado e forte. Trocando em miúdos, é um sobrevivente.

5) MENDOZA, ARGENTINA: Concentração é o sobrenome do vinho argentino. E tal característica é reflexo direto da combinação solo/geografia. As altitudes elevadas, somadas à mistura de areia, granito, xisto e depósitos aluviais transformaram o solo de Mendoza em um ambiente único para o crescimento das vinhas.
A ajuda do clima, com muito sol durante o dia e temperaturas baixas à noite, completam o quadro e geram vinhos ricos em resveratrol (próximo post dedicado a ele, amanhã)!



(Informações baseadas na Revista Adega -ano 6- n° 79.)

Beijos e até amanhã,

Daniele

Nenhum comentário:

Postar um comentário