Hoje recebi um email que questionava o porquê de alguns vinhos não informarem o nome da uva e sim a região o qual era cultivado.
Confesso que esta era uma das minhas dúvidas até pouco tempo antes de começar a me especializar, por isso vou tentar repassar a vocês um pouquinho do que eu sei sobre este assunto.
Primeiramente, o sistema europeu costuma nomear vinhos com o nome da região, pois tem na verdade, a intenção de fornecer mais informações, podemos afirmar com certeza que denominar o vinho com o nome de uma região européia é muito mais significativo do que estabelecer o nome da uva, ainda que varietal. Há muito mais peso dizer que estou a procura de um Chablis do que a procura de um Chardonnay francês.
Além do mais, na Europa os plantadores de uva/produtores de vinho demoraram séculos para descobrir quais uvas se davam melhor em qual lugar. Eles identificaram a maioria destas combinações uva-lugar e as codificaram em regras. Portanto, o nome de um lugar onde as uvas são cultivadas na Europa, automaticamente conota a uva utilizadas para fazer o vinho daquele lugar. Entretanto, o rótulo da garrafa geralmente não informa a uva...por isso segue abaixo uma tabela prática que ajudará você a decifrar os rótulos.
A França pode ser considerada a pioneira no quesito de omissão da variedade da uva , mas nem a França, nem grande parte da Europa tem o monopólio da idéia. Os rótulos dos países não europeus também lhe dizem de onde vem um vinho, entretanto há diferenças cruciais entre os vinhos americanos e os vinhos euripeus, por exemplo.
A primeira diferença é que nos rótulos de vinhos que não são europeus, precisamos nos esforçar para encontrar o nome do lugar . O local de origem não é o mais importante , normalmente a uva que o é.
Em segundo lugar, o nome dos lugares nos EUA são muito menos significativos do que os nomes dos lugares na Europa, afinal, não há um lugar tão marcante e expressivo que diferencie dos outros lugares, o que não acontece na Europa.
Segue a nossa tabelinha:
Nome do Vinho | País | Variedades de Uva |
Beuajolais | França | Gamay |
Bordeuax (tinto) | França | Cabernet Sauvignon, Merlot etc |
Bordeaux(branco) | França | Sauvignon Blanc,Moscatel,Semillon |
Borgonha (tinto) | França | Pinot Noir |
Borgonha (branco) | França | Chardonnay |
Clablis | França | Chardonnay |
Champagne | França | Chardonnay,Pinot Noir e Pinot Meunier |
Châteauneuf-du-Pape | França | Grenache, Mourvedre, Syrah |
Chianti | Itália | Sangiovese e outras |
Côtes du Rhone | França | Grenache, Mourvedre, Carignan e etc |
Porto | Portugal | Touriga Nacional, Tinta Barroca, Touriga Franca, Tinto cão e outros |
Rioja | Espanha | Tempranillo, Grenache |
Soave | Itália | Garganega e outras |
Valpolicella | Itália | Corvina, Mollinara, Rondinella |
Esta palavrinha pode ser definida como a combinação de fatores naturais imutáveis ( como o solo arável, o subsolo, o clima, a inclinação do terreno, a altitude). É impossível que dois vinhedos no mundo todo tenham, precisamente a mesma combinação destes fatores, então consideramos que terroir seja a combinação exclusiva dos fatores naturais de um vinhedo.
Se o conceito acima pareceu solto, pense da seguinte forma:
Terroir é o princípio que está por trás do conceito europeu de que os vinhos devem receber seus nomes de acordo com o lugar de onde vêm, portanto a linha de pensamento se resume assim: o nome do lugar conota quais uvas foram utilizadas para fazer o vinho daquele lugar.
Espero que tenham gostado e sobretudo entendido.
Um beijo,
Dani (espero mais perguntas).
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