segunda-feira, 21 de março de 2011

Por que dar o nome de um lugar para um vinho?

  
Boa tarde,

Hoje recebi um email que questionava o porquê de alguns vinhos não informarem o nome da uva e sim a região o qual era cultivado.

Confesso que esta era uma das minhas dúvidas até pouco tempo antes de começar a me especializar, por isso vou tentar repassar a vocês um pouquinho do que eu sei sobre este assunto.

Primeiramente, o sistema europeu costuma nomear vinhos com o nome da região, pois tem na verdade, a intenção de fornecer mais informações, podemos afirmar com certeza que denominar o vinho com o nome de uma região européia é muito mais significativo do que estabelecer o nome da uva, ainda que varietal.  Há muito mais peso dizer que estou a procura de um Chablis do que a procura de um Chardonnay francês.

Além do mais, na Europa os plantadores de uva/produtores de vinho demoraram séculos para descobrir quais uvas se davam melhor em qual lugar. Eles identificaram a maioria destas combinações uva-lugar e as codificaram em regras. Portanto, o nome de um lugar onde as uvas são cultivadas na Europa, automaticamente conota a uva utilizadas para fazer o vinho daquele lugar. Entretanto, o rótulo da garrafa geralmente não informa a uva...por isso segue abaixo uma tabela prática que ajudará você a decifrar os rótulos.

A França pode ser considerada a pioneira no quesito de omissão da variedade da uva , mas nem a França, nem grande parte da Europa tem o monopólio da idéia. Os rótulos dos países não europeus também lhe dizem de onde vem um vinho, entretanto há diferenças cruciais entre os vinhos americanos e os vinhos euripeus, por exemplo.

A primeira diferença é que nos rótulos de vinhos que não são europeus, precisamos nos esforçar para encontrar o nome do lugar . O local de origem não é o mais importante , normalmente a uva que o é.

Em segundo lugar, o nome dos lugares nos EUA são muito menos significativos do que os nomes dos lugares na Europa, afinal, não há um lugar tão marcante e expressivo que diferencie dos outros lugares, o que não acontece na Europa.

Segue a nossa tabelinha:


Nome do Vinho
País
Variedades de Uva
 Beuajolais
 França
 Gamay
 Bordeuax (tinto)
 França
 Cabernet Sauvignon, Merlot etc
 Bordeaux(branco)
 França
 Sauvignon Blanc,Moscatel,Semillon
 Borgonha (tinto)
 França
 Pinot Noir
Borgonha (branco)
 França
 Chardonnay
 Clablis
 França
 Chardonnay
 Champagne
 França
 Chardonnay,Pinot Noir e Pinot Meunier


 Châteauneuf-du-Pape
 França
 Grenache, Mourvedre, Syrah
 Chianti
Itália
 Sangiovese e outras
 Côtes du Rhone
 França
 Grenache, Mourvedre, Carignan e etc
 Porto
 Portugal
 Touriga Nacional, Tinta Barroca, Touriga Franca, Tinto cão e outros
 Rioja
 Espanha
 Tempranillo, Grenache
 Soave
 Itália
 Garganega e outras
 Valpolicella
Itália
 Corvina, Mollinara, Rondinella


Por fim, quero fechar a matéria de hoje com outro conceito bastante usado pelos entendidos de vinhos e que tem tudo a ver com o post de hoje. Estou falando do "terroir".

Esta palavrinha pode ser definida como a combinação de fatores naturais imutáveis ( como o solo arável, o subsolo, o clima, a inclinação do terreno, a altitude). É impossível que dois vinhedos no mundo todo tenham, precisamente a mesma combinação destes fatores, então consideramos que terroir seja a combinação exclusiva dos fatores naturais de um vinhedo.

Se o conceito acima pareceu solto, pense da seguinte forma:
Terroir é o princípio que está por trás do conceito europeu de que os vinhos devem receber seus nomes de acordo com o lugar de onde vêm, portanto a linha de pensamento se resume assim: o nome do lugar conota quais uvas foram utilizadas para fazer o vinho daquele lugar.

Espero que tenham gostado e sobretudo entendido.

Um beijo,

Dani (espero mais perguntas).












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